Hoje
acordei e espiei pela cortina entre aberta. Um novo dia, ou para alguns, mais
um dia...
Os
raios de sol refletiam sobre o vidro, nublando minha visão. Fechei a cortina.
No
chão do meu quarto, uma peça de roupa amassada. Sobre a escrivaninha duas
xícaras de café.
Tudo
tão igual, uma noite quente, um dia vazio.
Entre
quatro paredes posso ser quem eu quiser: posso escrever uma canção de amor para
você. Posso viver outras vidas, posso ser a princesa dos contos de fadas ou a
bruxa das histórias infantis.
No
meu quarto sombrio minha vida é macia como um veludo ou dolorida como as brasas
de uma fogueira. Tudo depende dos sentimentos que invadem minha mente.
Um
raio de luz insiste em penetrar na escuridão do meu dia. Levantar das cobertas
e abandonar seu cheiro no meu travesseiro não parece uma boa ideia. Desisto. Deixo
as cores da manhã invadir o piso, os móveis, minhas mãos, meu coração.
As
lembranças vão se dissipando pelo ar. Seu rosto vai se decompondo como dente de
leão que desmancha com o soprar do vento.
Seu
perfume mistura-se com o cheiro de primavera.
A
arquitetura das árvores, as formas das pedras o movimento da água não se
parecem com os desenhos do seu corpo, porém, também deslumbram os meus
sentidos.
Retorno
ao quarto. Encaixo-me nas lembranças do seu abraço.
Hoje
eu sei que a vida é mais bonita do lado de fora da minha janela.
Sabrina Stolle