sexta-feira, 4 de julho de 2014

Uma rachadura no invisível



O mundo desagua feito um rio sem correnteza
Desaba sobre o chão sem percurso,
Escorre pelas mazelas, pelas periferias
Pelos buracos do coração.
É como uma peneira que tenta separar as estrelas do céu.
Vai se espalhando pelas esquinas, pelo Japão, por Mississippi
Escorre pelos pulmões, pelas artérias por cada célula.
Não tem nascente e nem mar, faz meu coração latejar.
E desemboca na alma, percorre os lábios grita ao mundo,
Uma voz sem rumo...
Ecoa pelos cantos,
Sem quatro paredes colide com o trem
Viaja zunindo nos ouvidos dos passageiros.
Mistura-se ao vento,
Poeira que vem vindo de longe pelos escapes do vagão
Avista sua presa certeira: menina do vestido de seda.
Competindo com a velocidade da luz atira-se nas partículas de ar
Colide com o vestido amarelo, desatando os fios
Rompendo os nós entre o algodão
E vai costurando a pele com tudo aquilo que o mundo expeliu...
Parte novamente sem rumo,
Desemboca em mim.

Sabrina Stolle