Um véu sob seus pés
Partículas subiam e desciam
E ele, sobre o tecido fino enrijecia
Na tentativa de se manter vivo.
O véu flutuava no vazio
Carregando na estrutura frágil o corpo pálido,
Calado, imóvel.
Queda livre.
Fragmentos se dissolviam e ecoavam nas paredes invisíveis,
E quanto mais ecoava partículas ilusórias, sobre o nada, o
corpo estremecia
Hora se desequilibrando:
O véu abaixando, esticando
Ameaçando partir.
Hora contraindo-se cada vez mais:
Estruturas ósseas e articulares se fundindo feitos dois
corpos nus.
As partículas se movimentavam
Ríspidas, colidiam contra o corpo paralisado
Mergulhando em seu sistema
Absorvendo suas memórias e pensamentos até tocarem o véu
Molhando o tecido de saudade, de desejo, de emoções.
Goteja assim, do corpo sua existência.
E o que era rígido se tornava flácido
Braços que caçavam a consistência do seu eu
Introjetadas nas partículas que o perfuravam...
Em uma homeostase perfeita o corpo se direcionava ao fim da
seda
Deixando nela impresso os seus últimos segundos de
existência.
Sabrina Stolle