De repente, um som ecoou dentro de mim.
Meu corpo se encontrava imóvel, quase sereno se não fosse a
perplexidade das cantigas e vozes que embalaram a noite.
Um ressonar entre sonho e pesadelo.
Meus cílios se puseram eretos e
pude ver que o céu do meu quarto continuava com um branco homogêneo. Porém, meu
corpo insistia em não se mover.
Já era dia, já era segunda feira
e tudo parecia normal, menos dentro de mim.
Os ruídos que se perpetuavam
me pareciam familiares. Eles pronunciavam sentimentos semelhantes
a indagações que já habitavam o meu ser. Era uma espécie de renúncia aos dias
atuais. Onde todas as coisas (ou quase todas, será?) são divididas entre
favoráveis e desfavoráveis, útil e inútil, certo e errado.
Enquanto eu dormia visitei o
mundo de Alice. Era um mundo pequenino e
lá viviam apenas um rei e um Buda, uma fada e uma bruxa. Era um espaço pequeno
onde cada um e suas ações tinham sua devida importância. O meio termo era
importante. Era necessário a astúcia do rei e a compaixão do Buda para que o
equilíbrio ocorresse. Eram necessárias as cores da fada e as travessuras da
bruxa para que o mundo de Alice pudesse crescer e aprender.
Do lado de fora da minha janela o
mundo parece me assustar. Ele não cabe no meu coração. Do lado de dentro o mundo de Alice flutua,
mas ele não cabe em minhas mãos. E novamente a dicotomia aparecia...
Tentei me achar, levantei e me
olhei no espelho.
Sabrina Stolle.